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Um montante de R$ 8 bilhões em benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) aguarda resgate por herdeiros de segurados falecidos. O valor, acumulado ao longo de anos, compreende aposentadorias, pensões por morte e auxílios não sacados, seja por falta de informação ou dificuldades nos trâmites burocráticos. Em um país onde mais de 36 milhões de pessoas recebem benefícios do INSS, essa quantia representa tanto uma oportunidade financeira quanto um desafio para as famílias.
A digitalização dos serviços do INSS facilitou a identificação desses valores, mas não eliminou os obstáculos. Em 2024, foram registrados cerca de 400 mil processos de inventário relacionados a benefícios previdenciários, um aumento de 15% em relação ao ano anterior. Especialistas apontam que a falta de informação, a complexidade do sistema e a demora na liberação ainda impedem o acesso aos recursos. Famílias de baixa renda, em particular, enfrentam dificuldades como a ausência de certidões ou a necessidade de comprovar dependência econômica.
Enquanto o INSS paga mensalmente R$ 70 bilhões em benefícios, uma quantia significativa permanece intocada, impactando a economia familiar e a circulação de recursos no país. A situação levanta debates sobre a simplificação dos procedimentos e a necessidade de campanhas de conscientização.
Valores parados revelam falhas no sistema
Os R$ 8 bilhões esquecidos incluem aposentadorias, auxílios-doença e salários-maternidade. Quando o segurado falece, os valores depositados em sua conta ou retroativos devidos pelo INSS permanecem disponíveis para os herdeiros legais, desde que cumpridos os trâmites necessários. Em média, cada processo envolve cerca de R$ 20 mil, mas há casos de montantes que chegam a centenas de milhares de reais, especialmente quando há atrasados acumulados por decisões judiciais.
A plataforma online Meu INSS permitiu identificar esses recursos com mais facilidade, mas o acesso ainda enfrenta barreiras. Em 2024, apenas 25% dos herdeiros elegíveis iniciaram o processo de saque, refletindo a falta de divulgação e a burocracia envolvida, que inclui a apresentação de certidões de óbito, casamento ou nascimento, além de comprovantes de dependência. Para entender mais sobre outros benefícios, veja quem tem direito ao Benefício de Prestação Continuada (BPC) e como solicitá-lo.
Herdeiros lutam contra a burocracia
Reivindicar os benefícios esquecidos exige superar obstáculos. Os herdeiros precisam acessar o Meu INSS com login e senha do falecido ou criar uma nova conta vinculada ao CPF do beneficiário morto, solicitar a liberação dos valores e aguardar análise, que pode levar meses. Em caso de disputa entre familiares ou ausência de documentos, o processo pode ir para a Justiça, elevando custos e prazos. Dados mostram que 30% dos pedidos de saque acabam em ações judiciais, com tempo médio de resolução de dois anos.
A situação é ainda mais crítica para famílias de baixa renda, que frequentemente não possuem recursos para contratar advogados ou enfrentar os trâmites. Em regiões como o Norte e Nordeste, muitos sequer sabem que têm direito a esses valores.
Benefícios acumulados ampliam o problema
Os R$ 8 bilhões incluem saldos de contas bancárias e atrasados de benefícios que o INSS devia aos segurados antes do falecimento. Esses atrasados, conhecidos como RPVs (Requisições de Pequeno Valor) ou precatórios, surgem de ações judiciais que garantiram direitos como revisões de aposentadoria ou concessões atrasadas. Em 2024, o INSS liberou R$ 15 bilhões em atrasados para beneficiários vivos, mas uma parcela significativa destinada a falecidos permanece intocada.
A complexidade aumenta quando o segurado não informou o INSS sobre mudanças de estado civil ou dependentes, dificultando a comprovação da legitimidade dos herdeiros. Cerca de 40% dos casos envolvem valores acima de R$ 50 mil, especialmente em pensões por morte pagas por anos sem atualização cadastral.
Passos para resgatar os valores esquecidos
Os herdeiros têm opções para acessar os recursos, mas o processo exige organização:
- Acesso ao Meu INSS: Usar o CPF do falecido para verificar saldos e atrasados disponíveis.
- Documentação: Apresentar certidão de óbito, RG, CPF e comprovantes de vínculo (casamento ou dependência).
- Solicitação: Pedir a transferência dos valores via aplicativo ou agência do INSS.
- Acompanhamento: Monitorar o andamento, que pode levar de 60 a 180 dias, dependendo do caso.
- Judicialização: Recorrer à Justiça se houver negativa ou disputa entre herdeiros.
Esses passos, embora claros, demandam paciência e, em muitos casos, apoio jurídico.
Digitalização ajuda, mas não resolve tudo
A plataforma Meu INSS trouxe avanços ao permitir consultas online de saldos e atrasados. Em 2024, mais de 1,2 milhão de acessos foram registrados por herdeiros buscando informações sobre benefícios de falecidos, um aumento de 20% em relação a 2023. No entanto, a ferramenta não simplifica a etapa de liberação, que ainda depende de análises manuais e pode ser suspensa por inconsistências nos dados. Para mais informações sobre outros benefícios, confira como solicitar o Auxílio-Maternidade pelo celular.
Uma pesquisa recente apontou que 60% dos brasileiros não sabem que podem herdar benefícios do INSS, e apenas 15% conhecem o processo para resgatá-los. Isso mantém os R$ 8 bilhões em um limbo.
Cronologia do acúmulo de recursos
- Década de 1990: Benefícios começam a se acumular com a falta de comunicação sobre óbitos.
- 2010: INSS digitaliza serviços, mas herdeiros ainda enfrentam barreiras para saques.
- 2020: Pandemia aumenta óbitos e valores parados, atingindo R$ 6 bilhões.
- 2024: Montante chega a R$ 8 bilhões com 400 mil processos de inventário abertos.
Essa linha do tempo mostra como o acúmulo cresceu ao longo dos anos, agravado por falhas sistêmicas e falta de proatividade dos familiares.
Impacto econômico dos bilhões parados
Os R$ 8 bilhões esquecidos poderiam injetar recursos significativos na economia brasileira, especialmente em um contexto de inflação acumulada de 4,5% em 2024 e aumento do custo de vida. Em 2024, cada R$ 1 bilhão liberado em atrasados pelo INSS gerou um impacto de R$ 1,3 bilhão no Produto Interno Bruto (PIB), segundo estimativas.
A retenção desse montante também reflete uma falha na circulação de capital. Enquanto o INSS desembolsa R$ 70 bilhões mensais para 36 milhões de beneficiários ativos, os valores parados representam uma perda de oportunidade para herdeiros que poderiam usar o dinheiro para quitar dívidas, investir em educação ou enfrentar emergências financeiras.
Soluções exigem ação do Governo
Resolver o problema dos R$ 8 bilhões exige medidas urgentes do INSS e do governo federal. A simplificação do processo de saque, com redução de exigências documentais e prazos mais curtos, é vista como essencial por especialistas. Campanhas educativas em TV, rádio e redes sociais poderiam alcançar os 60% de brasileiros que desconhecem o direito.
A integração de dados entre o INSS, cartórios e bancos também ajudaria a identificar herdeiros automaticamente após o óbito, agilizando a liberação. Em 2024, um projeto-piloto nesse sentido identificou 50 mil beneficiários potenciais em São Paulo, mas a expansão nacional ainda depende de investimentos e vontade política. Para se manter atualizado sobre as mudanças nas regras de aposentadoria em 2025, confira como as regras de transição do INSS mudam em 2025.